SHOIN – o espaço e o conceito

Um sonho recorrente em minha vida durante a fase da pré-adolescência fez com que eu desse mais atenção às leituras de fatos interpretadas pelas culturas humanas. Naquele período, tinha eu a ideia de uma coletividade que permeia um mundo ideal, algo que ainda guardamos como ligação de um contato quanto a uma inocência de mundo. É nítido na expressão dos anos posteriores os meus temores com os espíritos dos tempos que nos desviam de nosso caminho, e, por isso, procurei buscar meios que me levassem a um ponto inicial para compreender melhor a partir dele o que eu faria, sendo algo com o qual eu pudesse manter acesa essa autenticidade interior pela busca de uma realização de sentido.

Veio-me, por “herança” dessas que nascem da reciclagem de leituras e de espaços, uma publicação de 1973, do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão, uma edição muito bem produzida com o título “História Cultural do Japão – Uma perspectiva”, pelo qual tive outra consciência a respeito de espaço e de tecnologia em termos de aplicação de conceitos.

Foi desse livro que tirei o fundamental à expressão do Instituto, além de ampliar através dele o meu interesse por arqueologia, por cultura e por comportamento.

Conceito de sala de estudo e de hóspede

O termo “shoin” designa um espaço projetado nos cômodos dos lares japoneses que foi desenvolvido, principalmente, durante o período Muromachi (+/- de 1336-1573), cuja finalidade seria a de ser um ambiente reservado a estudo e a visitantes que, por sua vez, eram recebidos em razão de um conceito de “integralidade de suas presenças”. Essa integralidade se caracteriza por uma estética sóbria no desenho da arquitetura de espaços de convívio social entre linhas que eliminam materiais estranhos e que são ausentes do essencial. Por isso esse espaço compreende bem a finalidade de ser ambiente à meditação e ao auto-aprendizado.

Por Gi Nascimento

Fonte citada:

TAZAWA, Yutaka; et al. “História Cultural do Japão – Uma perspectiva”. Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão, Edição original em inglês de 1973 e em português edição de 1980.